sábado, 26 de junio de 2010

Oligarquia hondurenha não tem vocação para a democracia

Por Celso Martins

Faltando pouco para completar um ano de golpe de estado, os direitos humanos continuam a ser violados em Honduras. Homens e mulheres que resistem à quebra da ordem constitucional são perseguidos, ameçados, espancados, sequestrados e mortos todos os dias. O noticiário fornecido pela Rede Morazanica de Informação e o site Defensores en Línea, os comunicados de entidades como o Cofadeh, Codeh e CPTRT e da própria Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), entre outras fontes, nos revelam um quadro dramático.

As principais lideranças da FNRP estão ameaçadas de morte, o que inclui sindicalistas, professores, intelectuais e escritores, ativistas sociais, camponeses e trabalhadores do campo, indígenas e afro-descendentes. Honduras é dominada por uma oligarquia fechada e violenta que controla os poderes da república - Executivo, Judiciário e Legislativo. O Exército e a Polícia também são alcançados pelos tentáculos oligarcas, regentes da mídia que desinforma, mente, insufla e aplaude a repressão. A ingerência norte-americana é visível, transparente: o embaixador norte-americano aparece duas a três vezes no noticiário (El Heraldo, por exemplo), dando palpites sobre os mais diversos temas da vida nacional hondurenha.

Pistoleiros (sicários), mercenários denunciados até pela ONU, fazem o serviço sujo de eliminação física e intimidação violenta da resistência, sob o comando de um homem contra o qual existe ordem de captura: Billy Joya, assassino contumaz desde os anos 1980. Para-militares contratados por empresários como Miguel Facussé, mentor-mor do golpe, financiador e benefíciário da deposição do presidente José Manuel Zelaya, executam lideranças camponesas que lutam por suas terras ancestrais.

O que no Brasil se verifica em surtos periódicos, denominados 'criminalização dos movimentos sociais', entre os hondurenhos isso se tornou rotina, cotidiano. Se aqui atua um Ministério Público independente, guardião da Constituição, mas nas terras que Morazan libertou os promotores e procuradores de Justiça são nomeados pelo Congresso Nacional. Honduras vive nas sombras. A liderança da FNRP se esgueira pelas vielas de Tegucigalpa, adota medidas de segurança, vive em sobresaltos permanentes. A tensão e o medo se tornaram "naturais" entre os hondurenhos.

Os aligarcas daquele país centro-americano nutrem um ódio profundo à Frente de Resistência, pois sem ela o golpe teria se consumado em poucos dias. Os golpistas e seus apoiadores calcularam mal, não contaram com o vigor e a criatividade da resistência e a mobilização de milhares e milhares de pessoas em defesa da ordem constitucional. A força da FNRP é real!

O golpista Pepe Lobo, que chegou ao poder num processo eleitoral perfeitamente duvidoso, tenta se aproximar dos opositores, promover o retorno de Zelaya e, assim, reabilitar Honduras perante o mundo. A resposta do núcleo duro da direita inculta e ignorante foi bem clara: se o presidente se aproximar das forças sociais será deposto. Como aconteceu com Zelaya. São esses os inimigos da democracia em Honduras e no restante do continente latino-americano, onde encontram aliados, com o respaldo do governo norte-americano de fato.

O noticiário abaixo encaminhado nas últimas 48 horas por diversas fontes da resistência em Honduras é bem ilustrativo do que (ainda) acontece em Honduras.

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Fuente: honduraselogoali.blogspot.com

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