Não é de hoje que vemos nos chamados telejornais populares de fim da tarde, em quase todas as emissoras de TV brasileiras, apresentadores coléricos esbravejando contra a violência urbana, as injustiças sociais e crimes violentos.
Por Leila Cordeiro, no Direto da Redação
Tudo bem, seria louvável se tudo caminhasse dentro da ética e da responsabilidade jornalística. Mas não é o que acontece. Cada um desses profissionais, em nome da audiência, pensa que quanto mais gritar impropérios a plenos pulmões, mais serão ouvidos e vistos pelo público.Entretanto, nessa guerra pela audiência as próprias emissoras e seus profissionais se esquecem que devem um mínimo de respeito às instituições que atacam ou até mesmo a países estrangeiros, como foi o caso do apresentador do SBT, Carlos Massa, popularmente conhecido como Ratinho.
Em meio a uma crise que está deixando Lula com insônia e fazendo com que o governo brasileiro tenha muita diplomacia ao tentar resolver o impasse do presidente eleito Manuel Zelaya refugiado na embaixada brasileira em Tegucigalpa, sem mais nem menos, Ratinho chamou Honduras irresponsavelmente de “paisinho de merda que fica ali na América Central”, dando pouca importância ao fato, como se fosse um justiceiro que estava ali para dar o veredicto final. O pior é que, parece, o SBT nem tomou conhecimento disso.
Será que se houvesse a obrigatoriedade do diploma e Ratinho tivesse sido obrigado a frequenter os bancos da faculdade de jornalismo, ele não teria, pelo menos, o sentido ético da notícia, sabendo que o requisito fundamental do jornalista é ser isento e simplesmente informar sem tomar partido?
Será que Ratinho teria coragem de ser tão irresponsável a ponto de desafiar a soberania de um país xingando-o de maneira chula? Não importa se Honduras é um território pequeno com população não muito expressiva, mas precisa ser respeitado e seus representantes diplomáticos no Brasil estariam cobertos de razão se protestassem contra os insultos gratuitos de Ratinho.
O pior é que patrocinadores de programas como este gastam fortunas para terem seus produtos ligados a imagem de pessoas como outros ratinhos que, correndo atrás dos números da audiência, não pensam duas vezes em pisar na ética e no bom senso profissional.
Ratinho, entretanto , não é o único a mostrar que o diploma jornalístico deveria ser obrigatório apenas para conter os excessos de quem desconhece os princípios da profissão. Recentemente, uma jovem cantora, contratada para ser apresentadora de um canal de TV , quando lhe perguntaram se pretendia cursar uma faculdade de jornalismo, declarou : — Eu até estou pensando nisso. Afinal se a faculdade existe é que deve servir para alguma coisa, né?”!
E aí é que eu me lembrei de uma frase recente de um conhecido diretor de TV com o qual conversávamos outro dia: “Como vocês sabem, o panorama da televisão aqui no Brasil mudou muito, em pouco tempo".
É verdade, ele está cheio de razão.
Fuente: www.vermelho.org.br
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