Por Celso Martins
O que a Resistência hondurenha vinha denunciando há pelo menos três semanas começa a acontecer: o despejo violento de cerca de 3.500 famílias que ocupam aproximadamente quatro mil hectares de terras cultivadas com palma africana. Os dois principais jornais apoiadores do golpe civil-militar de 28 de junho de 2009, El Heraldo (Tegucigalpa) e La Prensa (San Pedro Sula), informam em suas edições digitais de hoje a movimentação de tropas militares.
"Militares llegan a proteger el Bajo Aguán", informa La Prensa, citando a presença de militares do 4º Batalhão do Exército sediado em La Ceiba e grupos especiais enviados da capital, Tegucigalpa. El Heraldo destaca que diante da tensão existente o "Gobierno militariza Bajo Aguán", citando a presença de 30 veículos que desfilam "ante el miedo de los pobladores del lugar". Algumas viaturas transportam conchonetes e carros-pipa. Helicópteros norte-americanos da base de Palmerola (próximo a Tegucigalpa) sobrevoam a região.
As terras que são públicas foram arrendadas em 2002 pelo Governo de Honduras aos empresários-latifundiários Miguel Facussé, Reinaldo Canales e René Morales, por um periódo de três anos. À partir de maio do ano passado os camponeses residentes na região começaram a ocupar as terras, organizados em torno do Movimento Unificado Campesino del Aguan (MUCA). Os preparativos para o ataque militar em andamento incluíram uma campanha de desmoralização dos trabalhadores rurais ligados ao MUCA, acusados sem provas de ligações com o narcotráfico e vínculos com as FARC.
Os camponeses do Vale do Aguan estão armados apenas com suas velhas armas de caça e as ferramentas de trabalho, mas estão dispostos a resistir, o que amplia a tensão e anuncia um choque sangrento. A violenta repressão tende a se espalhar para outras regiões do país, onde às mortes de jornalistas, ativistas sociais, sindicalistas e professores se somam outras formas de violações dos direitos humanos. No dia 15, quinta-feira, a Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) realiza uma passeata em Tegucigalpa em apoio à luta do MUCA e os camponeses de Aguan, o que pode servir de pretexto para mais pressões, ameaças e execuções.
Enquanto isso, acontecem negociações entre integrantes do MUCA e o Governo de Pepe Lobo e se intensificam os entendimentos diplomáticos visando o retorno de Honduras ao seio de organismos regionais e internacionais, como a OEA, por exemplo. Miguel Facussé, assim como Canales e Morales, são homens de muita força política em Honduras - são a própria força política das oligarquias. Facussé, em especial, figura entre os mentores do golpe, ao lado de outros personagens sinistros.
Parece existir uma divisão entre os golpistas hondurenhos: de um lado os que buscam o reconhecimento internacional com o retorno de Manuel Zelaya a Honduras e o estrito respeito ao estado de direito no país, sobretudo os direitos humanos, a liberdade de expressão, organização e manifestação e, de outro, os que ainda apostam num banho de sangue para a conquista da "paz social". A divisão também ocorrer entre os que defendem a imediata repressão militar em Aguan e aqueles que buscam uma saída negociada, "adquirindo" as terras aos empresários.
Em princípio vai sair vencedor o grupo que melhor servir aos interesses estratégicos dos EUA, cuja liderança está determinada a conter o chamado "chavismo", incentivando governos de direita (Perú) e extrema-direita (Colômbia), implantando bases militares, assinando "acordos" de cooperação e agindo para atingir econômicamente os que estariam "alinhados" com o presidente venezuelano. Ou seja, está cada vez mais visível que o futuro da América Latina continua sendo jogado em Honduras, país pequeno e desconhecido, ignorado aqui no Brasil por boa parte da intelectualidade, partidos e agremiações de esquerda, parlamentares e, sobretudo, os jornalistas, desascotumados faz algum tempo a discutir política internacional.
O que a Resistência hondurenha vinha denunciando há pelo menos três semanas começa a acontecer: o despejo violento de cerca de 3.500 famílias que ocupam aproximadamente quatro mil hectares de terras cultivadas com palma africana. Os dois principais jornais apoiadores do golpe civil-militar de 28 de junho de 2009, El Heraldo (Tegucigalpa) e La Prensa (San Pedro Sula), informam em suas edições digitais de hoje a movimentação de tropas militares.
"Militares llegan a proteger el Bajo Aguán", informa La Prensa, citando a presença de militares do 4º Batalhão do Exército sediado em La Ceiba e grupos especiais enviados da capital, Tegucigalpa. El Heraldo destaca que diante da tensão existente o "Gobierno militariza Bajo Aguán", citando a presença de 30 veículos que desfilam "ante el miedo de los pobladores del lugar". Algumas viaturas transportam conchonetes e carros-pipa. Helicópteros norte-americanos da base de Palmerola (próximo a Tegucigalpa) sobrevoam a região.
As terras que são públicas foram arrendadas em 2002 pelo Governo de Honduras aos empresários-latifundiários Miguel Facussé, Reinaldo Canales e René Morales, por um periódo de três anos. À partir de maio do ano passado os camponeses residentes na região começaram a ocupar as terras, organizados em torno do Movimento Unificado Campesino del Aguan (MUCA). Os preparativos para o ataque militar em andamento incluíram uma campanha de desmoralização dos trabalhadores rurais ligados ao MUCA, acusados sem provas de ligações com o narcotráfico e vínculos com as FARC.
Os camponeses do Vale do Aguan estão armados apenas com suas velhas armas de caça e as ferramentas de trabalho, mas estão dispostos a resistir, o que amplia a tensão e anuncia um choque sangrento. A violenta repressão tende a se espalhar para outras regiões do país, onde às mortes de jornalistas, ativistas sociais, sindicalistas e professores se somam outras formas de violações dos direitos humanos. No dia 15, quinta-feira, a Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) realiza uma passeata em Tegucigalpa em apoio à luta do MUCA e os camponeses de Aguan, o que pode servir de pretexto para mais pressões, ameaças e execuções.
Enquanto isso, acontecem negociações entre integrantes do MUCA e o Governo de Pepe Lobo e se intensificam os entendimentos diplomáticos visando o retorno de Honduras ao seio de organismos regionais e internacionais, como a OEA, por exemplo. Miguel Facussé, assim como Canales e Morales, são homens de muita força política em Honduras - são a própria força política das oligarquias. Facussé, em especial, figura entre os mentores do golpe, ao lado de outros personagens sinistros.
Parece existir uma divisão entre os golpistas hondurenhos: de um lado os que buscam o reconhecimento internacional com o retorno de Manuel Zelaya a Honduras e o estrito respeito ao estado de direito no país, sobretudo os direitos humanos, a liberdade de expressão, organização e manifestação e, de outro, os que ainda apostam num banho de sangue para a conquista da "paz social". A divisão também ocorrer entre os que defendem a imediata repressão militar em Aguan e aqueles que buscam uma saída negociada, "adquirindo" as terras aos empresários.
Em princípio vai sair vencedor o grupo que melhor servir aos interesses estratégicos dos EUA, cuja liderança está determinada a conter o chamado "chavismo", incentivando governos de direita (Perú) e extrema-direita (Colômbia), implantando bases militares, assinando "acordos" de cooperação e agindo para atingir econômicamente os que estariam "alinhados" com o presidente venezuelano. Ou seja, está cada vez mais visível que o futuro da América Latina continua sendo jogado em Honduras, país pequeno e desconhecido, ignorado aqui no Brasil por boa parte da intelectualidade, partidos e agremiações de esquerda, parlamentares e, sobretudo, os jornalistas, desascotumados faz algum tempo a discutir política internacional.
Fuente: resistenciahondurena.blogspot.com
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